De cima do telhado a menina dançava ,girava sobre as telhas já escurecidas pelo tempo e sob as gotas prateadas da chuva fina . E ela brincava com fitas de névoa que flutuavam com a brisa. Ela chamava os ventos.E os ventos vieram e a carregaram com eles até o lugar que não está em lugar nenhum .E quando ela chegou nesse lugar que não é, ela pôde ver o que não é visto, escutar o que não é escutado,tocar o que não é tocado ,cheirar o que não é cheirado e sentir o que não é sentido. Ela voltou então , a dançar e brincar .Dessa vez com pó de prata e pó de ouro tão finos que se misturavam ao ar.Se misturavam ao céu da Lua e ao céu do Sol e penetravam na pele da própria menina que agora também era a Lua e o Sol . Então ela caiu no oceano infinito dos prórios olhos e mergulhou até o fundo mais profundo.Ela já não era mais ela. E era . Não era também Sol e Lua. E era .Ela havia compreendido o que não é compreendido. Ela se mirava no espelho e via o universo. E não existia mais nomes e formas.
Satori
10 quarta-feira dez 2008
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